Alerj: Representante da UPPE-Sindicato destaca o risco do retorno das aulas presenciais, durante a pandemia

Ao participar da audiência pública da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizada nesta sexta-feira (23/04), por videoconferência, a representante da UPPE-Sindicato, Luciane Azevedo, destacou o risco do retorno das aulas presenciais, durante a pandemia. A audiência tratava do retorno das aulas presenciais na rede privada de ensino.

A educadora, que representou a presidente da UPPES, Teresinha Machado da Silva, enfatizou os riscos do retorno das atividades para alunos, professores e todos os profissionais envolvidos no processo educacional. Segundo ela, há a necessidade de vacinação dos educadores para um retorno seguro. “Embora saibamos que as aulas presenciais sejam importantes, nesse momento, isso exige uma atitude muito responsável de manter as unidades de ensino fechadas para preservação da vida e saúde dos profissionais da educação, alunos e responsáveis, devido aos dados alarmantes dos riscos de contágio e o colapso no sistema de saúde. Sabemos que muitos professores e alunos utilizam o transporte coletivo que estão, frequentemente, acima da capacidade de lotação o que corrobora, ainda mais, para a propagação do vírus”, afirmou.

A sindicalista destacou que a opção para o modelo de ensino híbrido não oferece segurança aos educadores. “Os pais de alunos podem optar pelo ensino remoto ou presencial, mas o professor e os demais profissionais envolvidos no processo de aprendizagem não têm essa possibilidade. Eles precisam estar presentes, caso contrário, correm o risco de perder seus empregos”, frisou.

A professora finalizou sua participação enfatizando a importância da preservação da saúde e da vida, nesse momento. “Sabemos que a educação é importante e fundamental, sobretudo com a atuação do docente, na sala de aula. A própria Lei de Diretrizes e Bases (LDB) prevê que é um direito da criança e do adolescente, mas a preservação da vida é essencial. Sendo assim, queremos deixar nosso repúdio ao decreto do governador, publicado, no último dia 20, que prevê que as atividades educacionais sejam consideradas essenciais, tendo em vista que, em situações excepcionais, a lei permite mecanismos alternativos para adaptação das estratégias pedagógicas. Então, diante do cenário atual, acreditamos que o retorno presencial só deve ocorrer quando houver uma diminuição efetiva da curva de contaminação e o processo completo de vacinação de todos os educadores”, assinalou.

O representante da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Hermano Castro, apresentou dados alarmantes sobre o falecimento de professores do ensino fundamental que podem estar relacionados à contaminação por covid-19. Segundo ele, houve um aumento de 40% no número de educadores do ensino fundamental mortos, a partir da reabertura das escolas, no segundo semestre de 2020. “Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados apontaram que no primeiro semestre de 2020, quando a maior parte das escolas estavam fechadas, 137 professores do ensino fundamental morreram. A partir do segundo semestre, com a reabertura das escolas, foram 178 mortes, um aumento de 40%. São dados que ainda vamos analisar”, salientou.

Presidida pelo deputado Flávio Serafini, a audiência pública contou com a participação da deputada Marta Rocha, deputada Zeydan e do deputado Noel de Carvalho, além de representates da Secretaria Estadual de Saúde, dos professores e escolas do ensino privado, bem como representantes do Ministério Público e Defensoria Pública.