Artigo da Presidente – Combate à evasão escolar

Teresinha Machado da Silva – Presidente

 

Evasão escolar é o ato de deixar de frequentar as aulas, ou seja, abandonar o ensino em decorrência de algum motivo, durante o ano letivo e não retornando para se matricular no ano seguinte. Esse problema social que, infelizmente, é comum no Brasil, foi agravado devido à pandemia de covid-19, dentre os muitos problemas sociais já enfrentados no país.

A evasão escolar já era um problema nas escolas brasileiras, mas se tornou ainda mais alarmante com o aumento dos índices de desigualdade, desemprego e violência doméstica, no período da pandemia. Após um ano e meio de restrições causadas pela mesma, o cenário é ainda mais desolador. Segundo dados da Unicef, 3,8% dos estudantes com idade entre 6 e 17 anos abandonaram as escolas em 2020, aproximadamente 1,38 milhões de pessoas. O cenário encontrado durante a pandemia, porém, trouxe outros agravantes que aumentaram a evasão nas escolas: a falta de acesso à internet e a exclusão digital. Considerando que o ensino remoto foi adotado pela maioria das escolas, podemos ver outro gargalo. A PNAD mostrou que 39% dos estudantes de escolas públicas urbanas afirmaram não ter computador em casa, e 21% têm acesso à internet apenas pelo celular.

Dados da PNAD Educação de 2019 apontaram que 20% das 50 milhões de pessoas de 14 a 29 anos no país não completaram alguma das etapas da Educação Básica. Os motivos da evasão escolar são vários, englobando desde as dificuldades financeiras que obrigam o estudante a trabalhar, a falta de estímulo familiar, os problemas com acesso ao estabelecimento de ensino, até a falta de interesse ou motivação pelo processo de aprendizagem. Mesmo com esse cenário desfavorável, de difícil resolução, e que depende de medidas enérgicas do poder público, algumas atitudes de um bom gestor escolar podem ajudar a melhorar essa situação. No entanto, antes de conhecê-las, é preciso entender em maior detalhe os fatores que geram a evasão escolar e quais são as consequências que decorrem dessa prática.

Ao discutirmos a evasão nas escolas, é importante lembrar que a educação é um direito de todo cidadão, garantido pela constituição brasileira de 1988, e é dever do Estado preservá-la. Desta forma, garantir a permanência dos estudantes na escola deve estar na pauta dos entes federativos.

Pensar no combate à evasão escolar está diretamente ligado à aplicação de políticas públicas educacionais eficientes, que promovam condições de acesso às tecnologias educacionais e à internet, além de medidas de segurança que garantam a saúde de alunos e professores. Para além disso, há algumas outras propostas que permitem visualizar alternativas de combate à evasão escolar, durante e após a pandemia, como:  investir em intervenções pedagógicas a fim de evitar que as dificuldades de aprendizagem se tornem problemas maiores para os estudantes no futuro; promover o protagonismo do aluno colocando-o no centro da construção do aprendizado e, sobretudo, valorizar o professor, tanto do ponto de vista de remuneração, quanto do investimento na capacitação.

Conforme estudo realizado pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), os professores brasileiros nos anos finais do ensino fundamental têm os piores salários entre 40 países avaliados O piso salarial dos docentes brasileiros se mostrou o mais baixo entre 37 nações do bloco e dos três países parceiros representados no levantamento. Mesmo os professores universitários, que no Brasil recebem salários maiores, têm uma remuneração 48,4% inferior em relação à média mundial.

Os prejuízos que a pandemia trouxe para a educação brasileira estarão presentes, por um bom tempo. Embora haja um esforço para reduzir o déficit educacional, os fatores sociais e econômicos contribuem para um constante desequilíbrio nos índices de evasão escolar. É preciso buscarmos dispositivos para promover uma educação mais justa e igualitária a fim de que o país alcance o desenvolvimento desejado.

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