Teresinha Machado da Silva – Presidente da UPPE-Sindicato
Em 2021, as redes municipal e estadual de Educação do Rio de Janeiro aprovaram os alunos mesmo com notas baixas. Embora a maior parte dos estudantes brasileiros tenham ficado praticamente dois anos letivos inteiros com escolas fechadas, o que agravou o contexto da evasão escolar, a aprovação automática acaba desqualificando o trabalho realizado nas escolas. Tal processo esconde a real situação da educação e pouca apreensão dos conteúdos devido à precariedade do ensino remoto.
O processo de avaliação deveria ter sido discutido e negociado com os profissionais da educação, o que, infelizmente, não ocorreu devido a uma medida autoritária imposta pela Secretaria Estadual de Educação (Seeduc).
A pandemia fez com que a maior parte dos países adotasse o ensino remoto, modalidade que muitos estudantes consideram difícil de acompanhar por diferentes motivos. Entre eles, acesso à internet, falta de ambiente adequado para estudos em casa e perda frequente de concentração. Por esses motivos a aprovação automática vinha sendo defendida por alguns especialistas em educação. A nosso ver, as escolas devem fazer reposição das aulas, reforço escolar e atividades complementares para realizar uma avaliação diagnóstica do desempenho dos estudantes durante o período pandêmico global.
Há alguns anos, temos identificado algo errado com o modelo de progressão continuada que vem sendo aplicado nas escolas da rede estadual do Rio, quando nos deparamos com um grande percentual de estudantes que admite ter passado de ano sem aprender o conteúdo. Na realidade, o que ocorreu não foi a progressão continuada e sim a aprovação automática dos alunos, sem que estejam presentes todas as condições necessárias para a aprendizagem. A progressão automática é uma estratégia educacional que organiza o aprendizado em ciclos e busca evitar o grande número de alunos reprovados, bem como a evasão escolar. Contudo, se esta for mal implementada, pode se tornar uma aprovação automática, que é quando o aluno passa de uma série para outra sem avaliação adequada.
O principal fator que afeta o processo de aprendizagem é o déficit de professores na rede estadual de ensino, o que perpassa pelos baixos salários e pela constante desvalorização da categoria.
É preciso combater o analfabetismo funcional, que ainda atinge milhões de jovens e adultos no país e está diretamente ligado às falhas históricas do sistema educacional. Diante desse cenário, além de cobrar por melhorias na qualidade da educação, cabe à sociedade o importante papel de transformar os espaços e contextos não escolares em ambientes promotores de aprendizagem.