Artigo da Presidente – Educação de qualidade precisa ser prioridade

*Teresinha Machado da Silva – Presidente

 

Mais um ano se inicia e com ele poucas expectativas de melhorias na educação pública do Estado do Rio de Janeiro. Durante todo o ano de 2020, as escolas ficaram fechadas devido à pandemia do Covid-19, fazendo com que professores de todo país trocassem os quadros e as carteiras escolares pelas telas e pelos aplicativos digitais.

Embora saibamos que as aulas presenciais são de extrema importância e que nada substitui a atuação do docente, sobretudo, para os alunos da rede pública  que apresentam grandes dificuldades de acesso, não achamos que é o momento de reabrir as escolas, pois acreditamos que todas as perdas educacionais são recuperáveis, ao contrário das vidas que podem ser perdidas em decorrência do agravamento da doença e ainda não há um calendário de vacinação programado. A nosso ver, os professores devem ter prioridade para receberem a vacina do Covid-19 pois somos totalmente a favor das atividades presenciais por entendermos que o aprendizado não é constituído somente por conteúdos programáticos, mas também pela interação e pela socialização.

Em função da pandemia, os envolvidos no processo educacional tiveram que, pela necessidade, se apropriar, muito rapidamente, de todo um conjunto tecnológico de modo a darem conta da grande responsabilidade de levar o conteúdo pedagógico aos estudantes. Diante desse quadro, foi preciso reinventar e ressignificar a prática pedagógica desenvolvida nas escolas buscando formas para garantir a continuidade de aprendizagem dos milhares de alunos pertencentes à rede pública de ensino.

Mesmo sendo peças fundamentais no desenvolvimento de uma sociedade, o Brasil é um dos países que menos valoriza o trabalho desses profissionais. Porém, durante a pandemia do Covid-19, os professores passaram a ter mais visibilidade pela sociedade e isso se dá porque, com as crianças em casa, os pais conseguem enxergar quão difícil é o processo de ensinar.

Esperamos que as autoridades governamentais tenham o compromisso de não aviltar os direitos da categoria do magistério fluminense, que não recebe a recomposição das perdas inflacionárias, há sete anos e ainda teve a contagem de tempo de exercício na carreira pública para fins de pagamento de adicionais por tempo de serviço e progressões funcionais suspensas, o que fere a irredutibilidade de vencimentos, que se tornou inconstitucional, de acordo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

A UPPE-Sindicato tem lutado, há anos, e continuará lutando pela valorização da categoria, que possui um rendimento extremamente defasado e não está conseguindo acompanhar o alto custo de vida gerado pela inflação e grande elevação dos demais índices, sendo obrigada a sobreviver com um salário insuficiente para suas despesas e manutenção digna de suas famílias e que tem se esforçado para se adaptar a todas as mudanças necessárias a fim de oferecer um ensino de qualidade aos alunos, mesmo com as limitações econômicas e estruturais que têm enfrentado.

Esperamos que essa situação tão caótica seja revertida pois só assim o ensino público poderá ser de qualidade como deve ser.